sábado, 29 de setembro de 2012

ELEIÇÕES 2012


Grecianny Carvalho Cordeiro*

         As eleições se aproximam. É incrível constatar como, a despeito do tempo, a despeito do amadurecimento da democracia brasileira e do despertar de uma nova consciência do eleitorado, pouca coisa mudou.
            As campanhas políticas continuam as mesmas. Muita pompa e ostentação para quem tem dinheiro, cartazes, banners, bandeiras, carreatas, propagandas bem elaboradas. Para os candidatos com pouco dinheiro para gastar, a campanha segue modesta e por isso mesmo quase não despertando a atenção do eleitorado.
            Muitos candidatos continuam os mesmos; aqueles que pleiteiam novo mandato mostram-se desejosos de permanecer em seus respectivos cargos eletivos; aqueles que nunca se elegeram continuam na esperança de conseguir um mandato ou simplesmente se satisfazem em aparecer por alguns segundos na televisão, talvez pela necessidade de não serem esquecidos, embora cônscios de que nunca se elegerão. As propostas, então, são absurdas, tolas e até visivelmente falaciosas.
            Os eleitores também continuam os mesmos, com exceção de alguns, já cientes da importância do voto, portanto, nada dispostos a vender seu voto em troca de falsas promessas ou de qualquer tipo de favorecimento. São eleitores que sabem o que querem e desejam uma ruptura com aquilo que sempre representou o processo eleitoral: trocas de favores e de interesses, onde o interesse público é esquecido, prevalecendo apenas o interesse pessoal.
            No entanto, muitos eleitores ainda aguardam ansiosos as benesses que alguns candidatos têm a oferecer: um futuro emprego, a ajuda a um parente necessitado, certa quantia em dinheiro, enfim, os motivos são diversos. Claro que isso não aparece na propaganda eleitoral.
            Causou surpresa uma reportagem segundo a qual uma pesquisa atestava que apenas 5% dos eleitores disseram ter votado em troca de favores ou algum benefício. Não se sabe aonde essa pesquisa foi feita porque a realidade, principalmente em véspera e dia de eleição, mostra exatamente o contrário, ou seja, muitos eleitores ainda esperam o transporte do candidato que levará para o local de votação, o almoço, o lanche, o vale, o dinheiro, a cesta básica, o medicamento, a promessa de emprego... O mais incrível de tudo isso é a existência de uma blindagem a esse tipo de prática, sendo muito difícil flagrar tais momentos, de modo a enquadrar os infratores nos rigores da lei.
            Ainda se ouve dizer que candidato ganha eleição na véspera e no dia, quando as cédulas de R$2,00, R$5,00 e às vezes R$10,00 correm soltas, comprando o eleitor da forma mais descarada possível. E tão ruim quanto esse tipo de candidato é esse tipo de eleitor.
            Muita coisa mudou, é verdade, mas parece que certas coisas não mudam quem sabe um dia. Vamos acreditar.
*Promotora de Justiça

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