Nesta terça-feira, 20 de novembro, o Brasil comemora do Dia da Consciência Negra. A data faz referência à morte do Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes do movimento contra a escravidão no País morto em 1695. Historicamente, a presença africana no Brasil é uma das matrizes na formação do povo brasileiro. Ela é percebida na música, cultura, religião, gastronomia, moda e na linguagem, apenas para citar algumas heranças.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil tem a maior população negra fora da África. A informação pode ser reforçada com o censo do IBGE de 2010. Segundo os indicadores, a população negra e parda já pode ser considerada maioria no Brasil. Conforme a pesquisa, 96,7 milhões – o equivalente a 50,7% da população – se declararam negros, contra 91 milhões de brancos (47,7%), 2 milhões de amarelos (1,1%) e 817,9 mil indígenas (0,4%). No total somos 190.755.799 milhões de habitantes.
Para o historiador, Prof. do Curso de Historia da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC-UECE), Campus Quixadá-CE, Marcos José Diniz Silva, “o reconhecimento da condição de afrodescendente por parcela crescente da população indica certo avanço nas políticas públicas afirmativas de combate ao preconceito racial, assim como maior libertação dos brasileiros em relação aos padrões ideológicos conservadores, racistas e pessimistas da necessidade de branqueamento, que vigoraram nos meios intelectuais e acadêmicos até cerca cinco ou seis décadas atrás”.
Entretanto, os desafios ainda são grandes e perturbadores, principalmente, quando se coloca em evidência o pior deles: o preconceito. O prejuízo da população negra com relação aos efeitos do preconceito é uma chaga devastadora para a construção de uma sociedade justa e igual no respeito aos direitos civis e sociais.
Nesta conjuntura, diversas mobilizações são organizadas no país para discutir os avanços e desafios da população afrodescendente. No Ceará, nesta terça-feira, algumas atividades estão sendo realizadas para celebrar o Dia da Consciência Negra. Veja abaixo.
Comemorações
Em Horizonte, as celebrações acontecem desde o dia 14 e vai até 30 de novembro com a realização de uma série de atividades em todas as escolas municipais e no Centro Cultural Tasso Jereissati. A programação da 6ª Semana da Consciência Negra é aberta ao público e conta com apresentações artísticas e culturais, além de trazer debates sobre o combate ao preconceito racial.
No dia 30, ultimo dia das atividades, a culminância será no Centro Cultural Tasso Jereissati. Alunos das escolas municipais farão apresentações culturais e musicais a partir das 14h.
Novo campus
A partir desta terça-feira (20), às 10h, a comunidade acadêmica vai contar com mais um espaço oferecido pela Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) para atividades letivas e de convivência. A inauguração do Campus dos Palmares, em Acarape. Como parte das celebrações pelo Dia da Consciência Negra, a inauguração do espaço será realizada pelo reitor Paulo Speller, com a presença de pró-reitores, professores e estudantes da Unilab, além de autoridades locais e de demais convidados.
A solenidade faz parte da programação da segunda etapa do 1º Seminário de Planejamento da Unilab, promovido pela Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan). Na ocasião, haverá uma visita guiada pelo local e a apresentação da Associação Alagbà, que atua no Conjunto Palmeiras, em Fortaleza.
O novo Campus, localizado no município de Acarape, a cerca de 4 km do Campus da Liberdade, em Redenção, possui 1.700 m², em que estão divididos em 12 salas de aula climatizadas, banheiros, uma biblioteca, um gabinete para professores e um refeitório. Durante a reforma, foram realizadas a recuperação da estrutura metálica, o tratamento da coberta, a recuperação do piso, além da pintura e da construção de uma nova fachada.
Os cursos iniciais que serão realizados no Campus dos Palmares são Enfermagem, Engenharia de Energias e Ciências da Natureza e Matemática, beneficiando mais de 360 alunos e 40 professores.
Economia do negro
A Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza (SDH), através da Coordenadoria da Igualdade Racial (Coopir), iniciou nessa segunda-feira (19) e continua nesta terça (20), o III Seminário Economia do Negro. O tema central do evento é “Identidade e Sustentabilidade no Desenvolvimento Econômico para a População Negra do Brasil”, que acontece no Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos (IMPARH).
O objetivo é consolidar a formatação da 1ª Rede de Economia do Negro do Brasil. Atualmente, um grupo de 200 pessoas já compõe o Fundo Rotativo Solidário com recorte racial do Brasil, lançado em 2011 pela SDH.
O evento conta com a presença de convidados nacionais, internacionais, gestores públicos do governo municipal, estadual, federal, empresários(as) e grupos produtivos solidários do Fórum da Economia do Negro.
Durante a programação do encontro, palestras serão ministradas por profissionais de diversas instituições que lidam cotidianamente com a temática ou população afrodescendente. São apoiadores do evento o Banco do Nordeste, Fundo Rotativo Solidário do Fórum da Economia do Negro, Centro Cultural Capoeira Agua de Beber e Cromosoma Geração Criativa.
“Consciência é todo dia”
No mês da consciência negra, atos, manifestações e eventos culturais são realizados pela Central Única dos Trabalhadores em todo país. A proposta é celebrar avanços conquistados e cobrar mais empenho dos governos na promoção de políticas afirmativas.
Em Fortaleza, a CUT-CE, em parceria com a Fenadados e o SindPD-CE, promove, o Seminário da Igualdade Social. O encontro acontece neste Dia Nacional da Consciência Negra. O seminário terá como tema “Consciência é todo dia”. Trabalhadores e trabalhadoras de todas as categorias, lideranças sindicais e interessados na luta pela igualdade racial no Brasil podem participar do evento.
Na programação, palestras sobre a criação e aplicação de leis de incentivo a igualdade racial, com o desembargador Willian Silva (TJ/ES). A secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Maria Júlia Nogueira, discute sobre as políticas púbicas de combate ao racismo. O encerramento do encontro será com debate sobre a atuação do negro no mercado de trabalho, com o consultor jurídico da Fenadados, Marthius Sávio Lobato.
Mais informações: Prefeitura de Horizonte – (fone: 85 ) / Unilab – (fone: 85 3332 1414) / Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza (SDH) – (fone: 85 3452 23 23 / 3452 23 20) / CUT-Ceará – (fone: 85 3464 7377)
Boa Notícia
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